Quem o defende é Casper ter Kuile no webinar promovido por Tim Leberech, co-fundador do think tank House of Beautiful Business (HOBB), explicando que a busca de sentido nas nossas vidas passa por termos rituais. Mas ritual não é a mesma coisa que hábito e pode não ser religioso, adverte o cofundador do Sacred Design Lab e fellow no Ministério da Inovação na Harvard Divinity School.
Os rituais modernos mudam a forma como convivemos e podem não acontecer no seio de uma instituição religiosa. Referem-se a uma atividade que tem por base uma intenção, realizada num tempo e espaço próprios, no seio de um grupo ou comunidade, e que na prática é algo tão simples como, por exemplo, a partilha de ideias online e não só, leituras, jogos de equipa, concertos, até exercícios de fitness.
“Os seres humanos são criaturas que querem ver o sentido e a razão de ser das suas vidas.” Mas hoje, com a passagem da religião para a espiritualidade, essa busca acontece noutros grupos e comunidades e de outras formas diferentes das praticadas nas instituições religiosas.
A tendência pelo menos nos EUA é para sermos cada vez menos religiosos. Vemos uma grande mudança na forma como entendemos a nossa ligação à religião. Também a confiança no governo e nas organizações está a enfraquecer. Muitos são espirituais, mas não religiosos- “apesar de duas em três pessoas dizerem não estar ligadas à religião, revelam que acreditam no poder de Deus”, disse Casper.
Regista-se também hoje o aumento do isolamento social, e por isso o número de depressões e de casos de suicídio sobem. Cada vez mais as pessoas procuram outros grupos onde sintam que pertencem – as empresas e organizações de trabalho são um desses locais, onde cada vez mais os indivíduos partilham sobre si e sobre as suas vidas.
“O ritual é a ponte que traz os seres humanos para o centro das suas almas”, ou seja, é uma ferramenta que nos ajuda a lembrar o que de facto é importante. E o que é que a alma quer? “Quer três coisas: belonging, pertencer, ou a capacidade de dar e receber, sendo totalmente amado tal e qual como se é; becoming, ou seja, termos a capacidade de nos transformar e sermos as pessoas que queremos; e beyond, sabermos que não somos o centro do universo, mas que na verdade “nós somos o próprio universo.”
Como podemos pôr em prática o ritual? Simples, explica o orador: comece por definir uma intenção para a atividade que está em vias de desenvolver; depois, quando está a fazer a atividade, deve dar-lhe atenção completa. Pode usar incenso, cores, água ou fogo, tudo o que ajudar a trazer a mente ao momento presente; e em terceiro e último lugar, não se esqueça de repetir o ritual ao longo do tempo. “Tornamo-nos naquilo que praticamos”, disse para concluir o autor do novo livro The Power of Ritual, que está para ser publicado no dia 23 de junho.
Este evento no Zoom integrado nas Living Room Sessions da HOBB, que se está a tornar o novo ritual de domingo em substituição da missa, terminou com todos os participantes a cantarem em conjunto, mas sem os microfones ligados.
Fonte: www.lidermagazine.sapo.pt
Os rituais são estratégias poderosas