Margarida Carreiras e Margarida Cardoso desempenham cargos de gestão de recursos humanos das suas empresas com um enfoque específico: zelar pelo bem-estar e felicidade dos colaboradores.
Qual o lugar da felicidade nas empresas? Margarida Carreiras, Chief Happiness Officer do Grupo Bernardo da Costa, e Margarida Cardoso, People & Culture Head Europe da Philip Morris International, ocupam cargos nas suas respetivas organizações, cuja missão é garantir as melhores condições para que os seus funcionários sejam felizes.
Margarida Carreiras diz que as empresas têm de estar atentas à forma como os colaboradores gostam de ser tratados. “Tratar pelo nome que gostam de ser tratados. Estar atento a isso. Ter cuidado com o outro” é também papel das empresas que devem ser terrenos para cultivar a “capacidade de relacionamento interpessoal, de empatia, de nos colocarmos no lado do outro, o entrarmos no lugar da vulnerabilidade do outro”.
Da esquerda para a direita: Evódia Graça (moderadora e Executive Coach), Margarida Carreiras (Grupo Bernardo da Costa) e Margarida Cardoso (Philip Morris International). Foto: Cristina Bernardo
Margarida Carreiras afirma que as empresas têm de incorporar planos individuais de felicidade que visem potenciar a pessoa, na empresa ou noutros locais e que no espaço das organizações temos de “começar a relacionarmo-nos com o outro e a conectar-nos, mesmo sabendo que o outro é diferente”.
Pertencer a uma empresa, diz Margarida Carreiras, “trata-se de uma questão de escolha, individual, mas também da empresa que escolhe querer ter aquela pessoa e querer acolher essa pessoa”.
A Chief Happiness Officer do Grupo Bernardo da Costa afirma que no caso da sua empresa há vários benefícios atribuídos aos colaboradores que visam criar momentos de felicidade e satisfação, caso de férias de equipa, serviços de engomadoria ou entrega de refeições. “Acreditamos no continuar a atrair talento”, diz.
“Como cada colaborador é tratado e como é ouvido e como envolvemos aquela pessoa na organização” é importante. “No nosso caso, tratamos a pessoa pelo nome que gosta que lhe chamemos, sabemos quantos filhos tem, o que é que a pessoas quer fazer em todas as áreas da sua vida e gerarmos esse maior benefício, permitindo que a pessoa viva todo o seu potencial máximo”, diz Margarida Carreiras que refere que a política de recursos humanos do Grupo Bernardo da Costa passa por estar atento à equidade de género e multiculturalidade, havendo vários programas de formação “para que as pessoas se desenvolvam”.
Margarida Cardoso afirma que no caso da Philip Morris International/Tabaqueira onde é People & Culture Head Europe “tentamos ter uma cultura organizacional para que as pessoas se sintam elas próprias”, dado que o conceito de felicidade “é difícil de trabalhar pois depende das características e valores de cada um”.
Margarida Cardoso diz que a propósito da dicotomia que normalmente é apresentada de vida pessoal/vida profissional, a sua perspetiva é que “temos uma só vida. Temos é diferentes dimensões que vão coexistindo”.
“Temos de ter chefias preparadas para aceitar a diversidade de opiniões ou outra para que as pessoas se sintam à vontade. No nosso caso, fazemos isso e medimos isso. Temos questionários a cada três meses e um dos níveis avaliados é o da segurança psicológica e como é que as pessoas se estão a sentir aceites”, afirma Margarida Cardoso.
“Temos por princípio manter uma cultura positiva, em que as pessoas se sintam bem”, refere a responsável da Philip Morris International: “Claro que a administração tem um peso importante e tem de tomar decisões, mas o nosso bem-estar faz-se no dia a dia e não se faz apenas de programas estruturados. Faz-se no dia a dia e na minha relação com os meus colegas de trabalho. Não há nenhum departamento que seja capaz de impor isto”.
Para Margarida Cardoso, “trazer o empoderamento e responsabilidade até ao nível micro” é o desafio das empresas que é tanto maior quanto maior for a dimensão da empresa que, no caso da Philip Morris International tem mais de 30 nacionalidades representadas, quatro gerações a coexistir e 40% da população constituída por mulheres na organização local”.
“Temos um departamento de inclusão e temos planos de ação” para valorizar esta vertente. “Temos métricas muito concretas. E a diversidade é uma meta para os planos serem consequentes”.
Margarida Cardoso conclui que a missão das empresas é “trazer os trabalhadores para dentro da organização e dar-lhes voz para que também ajudem a organização”.
Texto originalmente publicado em www.forbespt.com