Ser líder não vem como a pirâmide das necessidades de Maslow: supridas umas, avançamos para as outras. Ser líder implica, desde logo na base, uma série de necessidades, de curiosidades, de capacidades e de prazeres – em paralelo.
Nesta linha de pensamento, ocorre-me uma saída minha há uns anos. A minha primeira casa em Lisboa ficava numa rua entre o Palácio das Necessidades e o Cemitério dos Prazeres. Quando tentava explicar a dois amigos que vivia entre as necessidades e os prazeres, a resposta foi: “e não vivemos todos?”.
E é isso: o(s) prazer(es) de cuidar de pessoas não serve a muitas pessoas, mas serve ao verdadeiro líder. Daí que na minha conceção, um líder que se preze, é um líder que cuida, que se preocupa, um “líder CARE”. E aproveito o acrónimo para dizer que mais do que CUIDAR, ATENÇÃO aos detalhes, gerar RAPPORT e trabalhar as suas EMOÇÕES, o “líder CARE” é curioso por saber mais sobre as suas pessoas.
A curiosidade do líder faz com que este se destaque, que vá além do que é esperado num contexto comum, que facilite a transformação pessoal, que mobilize as suas pessoas de forma positiva e que, sobretudo, cultive líderes à sua volta (eu trabalho sob coordenação de uma “líder CARE” muito curiosa).
Mas os “líderes CARE” também têm necessidades (e não só as suas pessoas). A liderança servidora é um excelente tipo de liderança, mas preconizo uma liderança both ways e, por isso, há que acautelar as necessidades do líder e da pessoa que está ao seu lado. E uma grande necessidade dos líderes de hoje é sentirem confiança na sua equipa e nas suas pessoas, individualmente e coletivamente. Este sentido de confiança necessita ser trabalhado, mas uma vez ganho, os resultados tornam-se evidentes.
Quis fugir da pirâmide de Maslow, mas entro na pirâmide do Patrick Lencioni, que nos diz que a confiança é a base para qualquer equipa coesa, que trabalha bem em conjunto. Só depois se fala em conflito, compromisso, responsabilidade e, mais tarde, resultados, mas a confiança é a base.
Um “líder CARE” é confiante e gera confiança. É confiante porque sabe que a sua equipa está lá para o apoiar e gera confiança na equipa porque ele está lá para os apoiar.
E as capacidades de um líder? Não querendo endeusar o líder, e ficando pelas capacidades terrenas, diria que o rapport, a atenção, a ação positiva, a capacidade de influenciar, de dar e, sobretudo, a generosidade e a iniciativa fazem de um líder aquela pessoa que respeitamos, queremos seguir e, até, queremos ser.
Dito isto, acha que é um “líder CARE”?
Por Anabela Moreira
Fonte: www.lidermagazine.com.pt