Um estudo da Universidade Europeia conclui que os participantes sem filhos estão mais satisfeitos com o teletrabalho, que as mulheres estão mais stressadas e que solteiros estão mais isolados.
Dos portugueses inquiridos e que se encontram em teletrabalho devido à pandemia, 49% diz sentir que trabalha mais estando em casa do que trabalhariam numa situação normal. Já 35% considera que trabalha sensivelmente o mesmo. Os resultados são de um estudo da Universidade Europeia que conclui também que as mulheres reportam um nível de stress e cansaço mais elevado, comparativamente com os homens.
Apesar de a maioria dos participantes (68%) referir que não existe um mecanismo de controlo do tempo de teletrabalho por parte da chefia, certo é que metade dos inquiridos sente que trabalha mais. “No entanto, quando existe algum mecanismo, esse parece ser mais frequente em empresas de média dimensão, ou seja, em empresas com 50 a 249 colaboradores (28%) e empresas com 250 a 500 colaboradores (27%)”, lê-se no estudo.
Do total de 539 inquiridos, 90% estão em teletrabalho, mas 65% revelaram que preferiam não estar. Ainda assim, apenas 9% dos participantes responderam estarem “pouco satisfeito” com o teletrabalho e 3% “nada satisfeito”. As razões vão além do facto de sentirem que trabalham mais.
Desde logo, a sensação de afastamento da empresa para onde trabalham e dos colegas de trabalho: aproximadamente metade dos inquiridos (49%) sente-se mais afastado da empresa e 76% dos participantes aponta a sensação de afastamento dos colegas de trabalho como uma das principais desvantagens do teletrabalho. Também a mistura entre a vida profissional e familiar (64%) e o sentimento de não ter apoio quando é necessário (39%) são apontadas como desvantagens.
No que diz respeito às grandes dificuldades do teletrabalho, os inquiridos destacam também a mistura entre a vida profissional e familiar (56%), a falta de um espaço físico apropriado para o trabalho (49%) e a dificuldade de acessos a tecnologia (35%).
Mas nem tudo é mau e os inquiridos também identificaram vantagens no teletrabalho, num questionário que foi disponibilizado pela Universidade Europeia entre 20 e 30 de março: 79% dos participantes identifica o ganho de tempo como a principal vantagem deste regime, 57% apontou a gestão de horários e 44% uma maior flexibilidade.
Mulheres estão mais stressadas e cansadas. Participantes sem filhos estão mais satisfeitos com o teletrabalho
O estudo da Universidade Europeia concluiu também que as mulheres, comparativamente com os homens, têm um nível de stress e cansaço mais elevados. A média de stress reportado na população feminina é, em média, de 3,10 e de 2,9 nos homens. No que diz respeito aos cansaço, as mulheres reportam, em média, 3,17 e a população masculina fica-se nos 2,83.
As pessoas solteiras e sem filhos fizeram uma avaliação da experiência de teletrabalho diferente da feita pelas pessoas casadas e com filhos. Desde logo, os participantes sem filhos estavam mais satisfeitos (3,71, em média) do que os participantes que têm filhos (3,45 em média). Depois, os inquiridos com filhos reportaram níveis mais elevados de conflito no trabalho e com família (2,97 em média), do que aqueles que não têm filhos (2,70 em média). Também os níveis de cansaço e stress são maiores nos pais.
Por outro lado, os inquiridos solteiros foram os que reportaram sentir-se mais isolados em relação aos outros.
Fonte: Jornal O Observador
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