Alcançar a liberdade financeira para fazermos o que quisermos, quando quisermos e da forma que quisermos. Mas como lá chegar?
Quando se começa a falar de dinheiro, uma das perguntas mais habituais a surgir é exatamente a do título desta publicação: “Quanto precisa de ter para deixar de trabalhar (se assim o quiser)?”.
Alcançar a liberdade financeira para fazer o que quisermos, quando quisermos e da forma que quisermos é um objetivo de muitos de nós. Por vezes, sacrificamos anos da nossa vida em trabalhos que não gostamos para ganhar dinheiro e suportar os nossos custos de vida.
Passando à prática, quanto preciso ter para atingir esta liberdade financeira? Na verdade, existem dois caminhos possíveis!
O primeiro caminho é o que se chama de acumulação e isto significa, tal como o nome indica, acumularmos uma quantidade de dinheiro suficiente para pagar o nosso estilo de vida até ao final dos nossos dias.
Este método surge, habitualmente, quando se fala do fenómeno FIRE (Financial Independence, Retire Early) que, cada vez mais, ganha adeptos. De acordo com este método, deve acumular 25 vezes as suas despesas anuais, ou seja, se o seu estilo de vida atual custa 1.000€ por mês, então deve acumular 300.000€ (1.000€ x 12 meses x 25) para ser considerado financeiramente independente. Este número 25 não é aleatório nem significa que só se terá dinheiro para 25 anos. Existe o pressuposto de o dinheiro ter de estar investido para que continue a gerar mais dinheiro.
O número 25 surge por se assumir que se consegue uma rentabilidade média de 4%/ano (e 4% X 25 = 100%), o que significa que os 300.000€ vão gerar um rendimento de 12.000€/ano, exatamente o valor das despesas anuais. Isto significa que apenas os juros e dividendos dos investimentos serão suficientes para manter o estilo de vida e, provavelmente, nunca será necessário mexer nos 300.000€ acumulados.
Esta fórmula, apesar de popular, levanta, a meu ver, algumas dificuldades e pontos contra como, por exemplo, a inflação, já que os 12.000€ anuais de custos terão tendência para aumentar ao longo do tempo, fruto da inflação. Outra questão está relacionada com a rentabilidade, já que os 4%, apesar de conservadores no longo prazo, podem não se concretizar.
O segundo caminho para alcançar a independência financeira é o do rendimento passivo, ou seja, aquele rendimento que surge com pouco, ou nenhum, esforço da nossa parte. Estamos a falar de rendimentos, como rendas de imóveis, juros, dividendos, negócios totalmente automatizados ou qualquer outro, que não depende de um certo número de horas de trabalho para serem obtidos.
Nesta estratégia, o objetivo passa por garantir que o total do rendimento passivo líquido (já depois de todas as despesas e impostos) é suficiente para cobrir as despesas mensais. Voltando ao exemplo dos 1.000€ de despesas mensais, se tivermos por exemplo, dois imóveis arrendados que, depois de tudo pago, rendem 500€ por mês cada um, então a liberdade financeira foi alcançada.
Em ambos os métodos devemos ter sempre uma margem de segurança para acautelar variações e imprevistos, e nunca devemos fazer as contas “à justa”, já que isso nos poderá colocar numa situação complicada algum tempo depois.
Alcançar a liberdade financeira é algo possível em Portugal. Exige alguns anos de trabalho árduo e compromisso, mas começar cedo pode torná-la realidade muito antes da reforma tradicional. Mesmo que isso não aconteça, é certo que a reforma será financeiramente mais tranquila.
Texto originalmente publicado em www.forbespt.com