Marcados pela quarta Revolução Industrial, estamos a viver uma era onde a parceria entre a componente humana e a tecnologia se apresenta como o principal desbloqueador para o crescimento, a inovação e a competitividade. O talento humano continuará a ser o catalisador do sucesso das organizações, mas o desafio que se apresenta agora é garantir que, enquanto caminhamos para uma fusão de tecnologia e digital com a componente física e biológica, melhoramos a forma como trabalhamos, ficamos a saber mais sobre os colaboradores e nos adaptamos ao que genuinamente necessitam.
Para melhor compreender esta nova realidade, a Mercer desenvolveu um estudo sobre as tendências globais do talento em 2018, que evidencia os principais desafios das empresas em relação à sua força de trabalho e cujas conclusões apresentamos seguidamente:
Change at speed
Vivemos num mundo VUCA, onde a mudança é a nova constante. Por esta razão, as empresas tentam cada vez mais adaptar-se ao contexto volátil, aspirando por uma proposta de valor que as posicione no mercado e as diferencie perante a competição. Para assegurar este propósito, estão cada vez mais predispostas a mudar o design organizacional da empresa, tornando-o mais ágil e fundamentado por uma cultura que aceita e lida bem com a mudança. Esta tendência está a exigir que o colaborador se apresente cada vez mais como um life-long learner, aceitando a aprendizagem como principal área de aposta no caminho para o seu desenvolvimento. Para tal, as organizações estão a criar condições para que a mentalidade de “laboratório” esteja sempre presente na força de trabalho, conscientes que a curiosidade e inovação são a chave para o ciclo de aceleração que se afigura necessário.
Working with purpose
Cada vez mais o desejo de trabalhar numa empresa com propósito cresce nos colaboradores, algo que tem sido cada vez mais correspondido pelas organizações. Com a disputa crescente pelo talento, torna-se obrigatório compreender os seus desejos e expectativas, imprimindo um maior sentido de propósito no Employee Value Proposition. As empresas estão focadas em desenvolver o potencial individual, mas também estimulam cada vez mais os indivíduos a tornarem-se agentes de mudança, que mobilizam e aceleram processos transformacionais quando sentem que estão “na empresa certa”. O contrato atualmente estabelecido entre as partes procura que ambas floresçam, hoje e no futuro, assegurando uma experiência diferenciadora, vincada por uma missão e um alinhamento entre os valores pessoais e organizacionais e satisfação de necessidades de bem-estar.
Permanent flexibility
Projetando o caminho irreversível da flexibilidade para o futuro, é visível que mais do que onde e quando trabalhar, as pessoas querem poder dizer que trabalho é feito, como, e por quem. A flexibilidade é cada vez mais de extrema importância para os colaboradores, sendo que mais de metade da amostra aspira por mais opções de trabalho flexível. O suporte digital está a possibilitar cada vez mais pacotes de flexibilidade personalizados que levam a uma variabilidade de opções estruturadas, suportadas pela tecnologia e que melhoram o ambiente de trabalho.
Platform for talent
Cada vez mais, o colaborador é visto como um talento e um ativo para a empresa. Para conseguirem captar e reter o melhor talento, algumas empresas já estão a fornecer feedback contínuo e utilizar tecnologia para otimizar o desempenho de cada funcionário. A transformação digital será capaz de fornecer aos seus colaboradores um ecossistema diversificado, baseado na compreensão da capacidade de todos os funcionários. Muitos dos departamentos de RH estão já num processo de evolução de EVP (Employee Value Preposition) para IVP (Individual Value Preposition), e, com base nisso, estão a ajudar os colaboradores a desenvolver de forma objetiva e personalizada as capacidades atuais e futuras.
Digital from inside out
Alinhando a tecnologia com o julgamento humano, está a ser possível dar enormes saltos de eficiência. Os funcionários vão exigir cada vez mais tecnologia intuitiva, que ajude na personalização dos produtos e serviços. As ferramentas digitais permitirão, cada vez mais, uma melhor interação entre departamentos, o que pode ajudar a encontrar soluções mais ágeis e concretas para os desafios emergentes, quer de negócio quer de assunção de uma mentalidade que propicie a criação de uma cultura realmente digital.
Para levarem as pessoas consigo na inevitável viagem de mudança, as organizações devem estar muito despertas para estas tendências, aceitando os desafios subjacentes e fazendo, com os colaboradores, um caminho que maximize resultados, produtividade, felicidade e sucesso individual e organizacional.
Por Luís Rosário, principal da Mercer
Fonte: Revista Lider – www.lidermagazine.com.pt